Por uma inclusão acessível - Parte 1

Leia aqui a primeira parte de nossas matérias que falam sobre Acessibilidade Digital, o tema da primeira reportagem é idosos.

Confira a cobertura de nossa visita ao Pirambu Digital

A Liga Experimental à visita a cooperativa Pirambu Digital. Confira como foi essa experiência.

Consciência Seletiva

O que realmente acontece? As pessoas estão realizando a coleta seletiva? O governo possui alguma obrigação relacionada a separação de resíduos? E quais são projeto de Fortaleza que participam da causa?

A ação Palavras de Liberdade!

Conheça mais sobre a ação Palavras de Liberdade, desenvolvida pela Liga Experimental de Comunicação.

Archive for novembro 2011

De onde vem o medo: Violência Urbana e Comunicação no último debate do Palavras de Liberdade

Após quatro ciclos de debates que trouxeram à tona a relação entre os Direitos Humanos e a Comunicação, o Palavras de Liberdade, ação promovida pela Liga Experimental de Comunicação, discute Violência Urbana e Comunicação, hoje (30/11), às 18h, no Auditório Rachel de Queiroz.

Conheça agora os nossos debatedores:

Sociedade Civil I
Atendendo pelo nome de Givanildo Manoel da Silva, ou, simplesmente, Giva, o educador popular paulista atua no movimento Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus.

A aproximação com a temática da violência deu-se em 1989, a partir de discussões acerca dos direitos de crianças e adolescentes. Sua atuação teve início na região do Campo Limpo, em São Paulo. “Desde então, tem sido um debate permanente que tem perseguido a minha militância”, conta ele.

Giva participou da concepção da proposta do Tribunal Popular, que surge no bojo das discussões sobre a criminalização de crianças e adolescentes e o papel do Estado nesse contexto.

Ele acredita que “a comunicação pode contribuir na discussão do enfrentamento da violência praticada contra o povo”. E argumenta: “penso que o caminho é colocar a violência não como causa em si, mas resultado de um processo, (...) o maior propositor da violência tem sido o Estado. Trabalhar essa questão com o devido cuidado precisa ser o papel da comunicação.”


Sociedade Civil II
Del Teixeira é integrante da Central Única das Favelas (CUFA) há sete anos, quando fundou a base CUFA Lagamar, e é coordenador estadual da Central há dois anos. É também graduando do curso de Direito.

Desde jovem, participa de movimentos de combate ao envolvimento de crianças e adolescentes com a violência urbana. Foi ao conhecer Preto Zé, atual presidente nacional da CUFA, que, convidado a ingressar na Central, criou a base Lagamar.

De acordo com Del, a cobertura midiática hoje é muito mercadológica e não incentiva a sociedade a questionar. “Você toma café, almoça e janta vendo sangue”, comenta. Essa banalização da violência, segundo ele, acaba atingindo crianças e adolescentes e eles passam a ver a violência como algo normal.

A cobertura midiática, segundo o coordenador, também estimula o medo da sociedade, mesmo que nem sempre haja certeza do que está sendo veiculado. “Hoje você tem medo do outro, medo do vizinho, medo da escola, medo de tudo que cerca você.”


Mídia
Tiago Braga é repórter do caderno de Cotidiano do jornal O Povo desde agosto de 2010. Formado pela UFC, antes de trabalhar no jornal O Povo, foi produtor da TV Cidade e da TV Ceará. É sua primeira experiência na área de segurança pública.

A aproximação com o tema foi gradativa, iniciada com grandes reportagens relacionadas ao tema, como assaltos a bancos. “Na época de faculdade eu não me imaginava nessa área. Aceitei como um desafio”, diz Tiago Braga.

Ir além do factual é, segundo Tiago, o diferencial que a cobertura de segurança pública deve ter na mídia. É necessário que se saiba contextualizar o assunto tratado, já que a simples narração dos fatos pode provocar apenas medo nas pessoas. 

Para ele, a cobertura da mídia sobre o tema deve ser sobretudo cuidadosa. “Nós temos que noticiar o fato, o que aconteceu, mas temos que ter cuidado com o destaque e a maneira como abordamos esse assunto para que não acabe gerando mais violência”, conclui.


Academia
Igor Monteiro é doutorando em Sociologia na Universidade Federal do Ceará e faz parte do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da mesma instituição.

Sua aproximação à temática da violência veio a partir de sua pesquisa de mestrado, quando analisou o filme Abril Despedaçado, de Walter Sales. “A idéia era transformar o filme num campo de investigação socio-antropológica. (...) Essa violência [vista no filme] é um grande exemplo para se pensar a ordem, a positividade da violência, no sentido da estruturação de um local”, explica Igor.

Junto à pesquisa, veio o envolvimento com o LEV: “surgiu um convite para participar de algumas reuniões e eu fui ficando, me engajando nas pesquisas e estou até hoje.” Ao falar das contribuições do Laboratório nas discussões sobre violência, Igor afirma que “ele busca complexificar esse fenômeno e aí, talvez, a maior riqueza dele [do laboratório] seja não trabalhar no sentido desses reducionismos.”

Igor entende a mídia como um espaço que tanto pode contribuir na estigmatização de certos bairros – tidos como violentos – quanto na contra-estigmatização destes mesmos bairros. “Quando ela [a mídia] também passa a mostrar as ações feitas nesses lugares, ela também pode contribuir para diluir essa imagem do estigmatizado”, argumenta.
 
 

 

  

Inscrições para o Ciclo de Violência Urbana e Comunicação



Estão abertas as inscrições para o V e último Ciclo de debates da ação Palavras de Liberdade, com o tema Violência Urbana e Comunicação. As inscrições são gratuitas e o formulário pode ser acessado clicando na imagem acima.

"Por uma Inclusão acessível" - Parte II

Continuando a série de reportagens, apresentamos hoje a história de Celso Nobrega. Formado em Publicidade, com especialização em Marketing, Celso hoje cursa Jornalismo na Universidade de Fortaleza (Unifor). O diferencial nessa história, além do currículo bem vasto para um homem de 26 anos apenas, é que Celso é deficiente visual. Acompanhe ao longo dos 11 minutos da matéria a seguir o relato completo (e bem humorado) dos caminhos que Celso encontrou para se inserir no meio digital.

A matéria é uma produção de Aimêe Andrade, Bárbara Rocha e Grazielle Barros.

"Por uma Inclusão acessível" - Parte I

Você acompanha a partir de hoje a série "Por uma Inclusão acessível", que traz, a partir de experiências e relatos de vida, as histórias de pessoas que lutam diariamente para fazerem parte do mundo digital. Na abertura da série, conheça um pouco sobre a situação dos idosos em Fortaleza ao se deparam com as novas tecnologias que cercam nossa vida e com a necessidade de manuseá-las.

A reportagem é de Luana Barros.


A melhor idade para fazer parte

Parece ser muito comum associar os avanços tecnológicos à juventude, mas as inovações são um desafio e fazem parte do cotidiano de pessoas em diferentes fases da vida. Cada vez mais, dependemos das máquinas eletrônicas, seja para subir vários andares de elevador, para retirar dinheiro do banco ou para se comunicar com quem está longe (ou bem próximo, em alguns casos). Com toda essa necessidade de interação, sem perceber, essas tecnologias, além de melhorias óbvias, podem propiciar um novo tipo de exclusão: a digital.

Para Liduína Pinheiro, de 60 anos, a exclusão se dá principalmente a partir das diferenças de idade. “A nova geração já nasceu nessa era digital, cresceu brincando em computador, videogame, diferente da minha, que ainda está aprendendo a mexer.” Assistente social aposentada, ela admite não ser exímia conhecedora do mundo da informática. “Tento passar pelo menos uma hora por dia, para conseguir aprender cada vez mais e quando preciso, peço ajuda a amigos, vizinhos”, revela. 

Liduína vive os desafios da inclusão
Em Fortaleza, com o objeto de incluir digitalmente a população, a Prefeitura municipal criou, há cinco anos, o Centro de Referência do Professor. Destinado primordialmente a formação de professores municipais em informática educativa, o espaço estende seu atendimento à população. Associado a um projeto social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Khouse, o Centro busca a democratização do acesso aos computadores e à Internet. Parte desse projeto é desenvolvido especificamente para a melhor idade, o Khouse Raízes do Brasil.

Zaira Maria de Araújo, professora de informática há 13 anos e coordenadora do projeto há cerca de um ano e meio, destaca a importância que a inclusão digital tem para os idosos. “Com o avanço da tecnologia é importante o idoso ter conhecimento dos seus direitos, ter acesso a comunicação, a leitura de jornais, revistas, porque ele mesmo vai adquirindo conhecimento”, diz.


Zaira: as dificuldades de incluir idosos no meio digital

“Incluir digitalmente, para mim, é colocar o idoso no mesmo patamar, até porque ele também é um cidadão e tem os mesmo direitos que uma pessoa jovem ou adulta tem”, completa Zaira.


Amanhã, você confere a continuação da série numa entrevista sobre as dificuldades que deficientes visuais enfrentam no meio digital. Não perca!

LIGA visita a cooperativa Pirambu Digital


Na tarde da última sexta-feira (28/10), a LIGA Experimental de Comunicação visitou a Cooperativa Pirambu Digital, localizada no bairro de mesmo nome, para promover um Grupo de Discussão sobre o tema Inclusão Digital e Comunicação. O evento faz parte do IV Ciclo do Palavras de Liberdade e integrou ainda as atividades da XX Semana de Comunicação da UFC – Comunicação, política e mídias digitais: o pensamento divergente na era das Convergências, que aconteceu de 25 a 28 de outubro.
A Cooperativa Pirambu Digital foi fundada em 12 de janeiro de 2006, por jovens que se formaram em cursos técnicos regulares promovidos pela parceria entre o Instituto Federal do Ceará (IFCE), o movimento Emaús e a LG Electronics. “O Pirambu Digital é um empreendimento tecnológico sem fins lucrativos, mas com caráter comercial. Oferecemos serviços de tecnologia da informação e comunicação, gerando renda e promovendo projetos sociais para o bairro”, explica João Paulo Lima, um dos sócios fundadores e atual diretor comercial da cooperativa.


O olhar da experiência

Dentre os serviços oferecidos pelo Pirambu Digital, destacam-se o desenvolvimento de softwares, a manutenção de hardwares e os treinamentos e cursos ministrados na área da informática. Leonardo Rodrigues, estagiário da área de softwares, destaca a importância que a experiência na cooperativa teve em sua vida. “Eu faço Física na Universidade Vale do Acaraú e através do curso promovido pelo projeto É Jovem, dei um foco para o que eu realmente queria. O bom daqui é que eles dão a formação e depois podemos nos tornar sócios.”
Quem também está no estágio profissionalizante na cooperativa é o estudante Fernando Henrique, da escola pública Ícaro de Sousa Moreira. “Antes do Ensino Médio eu não sabia nem acessar o e-mail. Agora tenho muito conhecimento e me sinto mais preparado para atuar na área da informática”.
Adriano Alves da Silva, colega de sala de Fernando, atua na área de treinamento, dando cursos para as crianças do bairro. “Apesar da procura pelo software e hardware ser maior, vi na área do Treinamento uma oportunidade. Aqui dou aulas de informática para as crianças. Elas exigem muita atenção. Criança no meio da rua não aprende nada. O projeto tira o olhar deles da violência do bairro”.


Inserção nas redes sociais
Outro ponto discutido na roda de conversa foi o uso das redes sociais na atualidade. A estudante do 4º semestre de Publicidade e Propaganda e integrante da LIGA experimental de Comunicação, Agda Sarah Sombra, falou sobre a utilização das redes sociais pela maioria dos estudantes de comunicação. “A gente acessa twitter, facebook mais de cinco vezes por dia. Somos viciados”, declara entre as risadas dos outros estudantes que concordam com a afirmação.
Fernando diz usar as redes sociais mais como ferramenta de entretenimento, considerando positiva a limitação imposta por algumas escolas no acesso as redes. “Tem gente que age de má fé. Acho que a limitação é uma forma de controlar isso”. João Paulo concorda com Fernando, explicando como se dá essa dinâmica no Pirambu Digital. “Para o ambiente cooperativo algumas redes sociais são prejudiciais à produção. Então, também preferimos efetuar o bloqueio”.


Mudanças no Bairro

Diante das ações da cooperativa, o bairro Pirambu ganha nova visibilidade. “Mais comércio, geração de recursos, mais pessoas procurando informações depois do término do Ensino Médio. Tudo isso contribui para o progresso da comunidade”, afirma João Paulo.
E há ainda a importância que a inclusão digital garante no exercício de direitos cidadãos. “Agora sou conhecedor. Posso exigir meus direitos”, afirma Leonardo. “Com a informatização de recursos, quem está no meio digital tem mais facilidade. Antes eu perdia muito tempo no telefone, agora resolvo tudo pela internet”, conclui João Paulo.

Confira mais sobre a ação da Cooperativa Pirambu Digital no site: http://www.pirambudigital.com.br