A preparação para o mercado de trabalho

Reportagem: Luiza Carolina Figueiredo e João Vitor Cavalcante

Cursos técnicos, programas do governo, especializações são exemplos de recursos utilizados pelos jovens na busca do primeiro emprego.
Quem nunca escutou de alguém aquela famigerada frase: “Mas você só estuda”? Essa deve ser a frase mais ouvida e odiada pela maioria dos jovens. Isso porque ela está perdendo o sentido.
A preocupação de preencher o tempo livre não parte mais apenas dos pais. Os estudantes buscam se manter sempre na ativa, aprender coisas novas e se especializar. Consequência do mundo globalizado e competitivo? Talvez.
Os próprios colégios e universidades disponibilizam atividades extras. São grupos de estudo, pesquisa e extensão, estágios, bolsas de estudo, cursos de língua, dentre outros. Cabe ao estudante escolher aquilo que mais lhe interessa e o que ele poderá aproveitar, seja por lazer ou para enriquecer o currículo.
Um dos cursos de línguas mais concorridos em Fortaleza é os da Casa de Cultura Estrangeira da Universidade Federal do Ceará (UFC), que disponibiliza o ensino de alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e português. São oferecidas, em média, 860 vagas por semestre divididas entre as seis modalidades.
Se o estudante preferir um curso direcionado ao audiovisual, a Casa Amarela Eusélio Oliveira, também da UFC, disponibiliza, semestralmente, os cursos de Cinema e Vídeo, Fotografia e Cinema de Animação.
E para aqueles mais preocupados em já começar a se inserir no mercado de trabalho, a melhor opção é investir nos cursos técnicos.


Formação em menos tempo

O IFCE disponibiliza uma formção prioritariamente embasada
 na prática em diversos laboratórios.


Nessa jornada em busca do primeiro emprego, a pouca formação e a falta de experiência são duas das principais barreiras a serem ultrapassadas. Nem sempre o primeiro emprego define a carreira profissional futura do jovem, mas sempre é um começo difícil. O principal é não desistir a cada porta fechada.
Por isso, a procura pela capacitação técnica se torna maior devido ao curto tempo de formação e as parcerias entre as instituições de ensino e empresas dos mais diversos setores. O estudante recebe a formação técnica, tem inúmeras aulas práticas, adquire experiência com os estágios e já pode sair do curso empregado.

Um exemplo disso é o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que oferece cursos técnicos nas áreas da construção civil, indústria e telemática. A formação é voltada principalmente para a prática, sem dispensar a teoria. No decorrer do curso, são disponibilizados vários estágios, sempre de acordo com a demanda das empresas parceiras. E é bem comum o estudante já sair do instituto com um emprego garantido.
Os alunos do Instituto contam com vários laboratórios, aulas de campo, visitas de estudo e, sobretudo, estágios. Muitas empresas vão diretamente ao IFCE fazer novas contratações devido à qualificação dos estudantes e à possibilidade de adaptação de acordo com os interesses da empresa.
Os estágios são o primeiro passo para a entrada no mercado de trabalho, onde o jovem será analisado em todos os aspectos profissionais e pessoais. Responsabilidade, comprometimento e confidencialidade serão qualidades muito importantes para o futuro da carreira e que deverão ser demonstradas durante os estágios.
 “Muitos dos nossos ex-alunos, hoje, são empresários do ramo, e outros estão muito bem colocados em empresas nacionais, como a Petrobrás”, conta a coordenadora de estágios do IFCE, Francilene Pinagé.  O chefe de manutenção aposentado, Pedro Pereira, que trabalhou por 31 anos no Instituto, acrescentou que as empresas contratam os alunos para aumentar a produtividade e que depois estes acabam sendo promovidos pela versatilidade.

Instituições privadas e demandas de empresas
            Em alguns casos são as próprias empresas que procuram capacitar seus funcionários, propondo parcerias com instituições para realizar cursos técnicos. 
O Senai disponibiza cursos de capacitação em vestuário.
Uma delas é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), organização privada que capacita jovens na área de vestuário. As turmas são abertas de acordo com a demanda das empresas, que selecionam os candidatos e encaminham ao Senai formando as chamadas turmas de Aprendizagem. Além disso, o Senai oferece cursos técnicos, abertos ao público em geral.
Outro grupo privado que também funciona capacitando jovens por demanda de empresas é o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Essa instituição promove a qualificação profissional e auxilia na conquista do primeiro emprego. Segundo o presidente da instituição, Francisco de Assis Diniz, de 20% a 30% de cada turma já sai empregada. “Os dois focos fundamentais são a avaliação e o monitoramento do mercado de trabalho”, explica.
O IDT realiza vários programas, como a Juventude Empreendedora, que foca na formação empreendedora para a comunidade; o Criando Oportunidades, que insere as pessoas em uma atividade profissional, gerando renda; e o Sistema Nacional de Empregos (Sine), desenvolvido em parceria com o Governo Federal, encaminhando os cadastrados ao mercado de trabalho.

Evasão escolar e mercado de trabalho
Dados do último censo, realizado em 2000, comprovam que 11 milhões de brasileiros buscam uma vaga no mercado de trabalho. A dificuldade é ainda maior para os jovens, por conta das exigências de escolaridade e experiência que as empresas impõem.  A necessidade de qualificação é constante e o desafio, além da primeira oportunidade, é conseguir conciliar os estudos com o trabalho.
As dificuldades financeiras de muitos jovens impossibilita-os de concluir seus estudos e os obriga a buscar empregos de meio período para custear a faculdade ou mesmo o Ensino Médio.
Boa parte dessas atividades não possui uma perspectiva de melhoria de vida. São apenas uma renda extra para ajudar os estudantes a custear sua educação. Porém, a jornada de trabalho pode entrar em conflito com o tempo de estudo e obrigar o jovem a escolher entre o trabalho e a escolarização.
No intuito de sanar essa situação, o Governo Federal disponibiliza alguns programas de financiamento para jovens de baixa renda que estejam estudando. Um desses programas é o Protec, que fornece bolsa para estudantes do Ensino Médio. Já o Fies é um programa para estudantes de graduação, através do qual, desde 1999, já foram beneficiados mais de 560 mil estudantes, através de uma aplicação de recursos da ordem de R$ 6,0 bilhões de reais. A função do Fies é arcar com as despesas da graduação em instituições particulares para jovens que não possuem condições de pagar.
Além de bolsas para estudantes, o Governo oferece programas para jovens que necessitam de uma renda extra. O Projovem adolescente possui como público-alvo jovens entre 15 e 17 anos cujas famílias já participem do Bolsa Família. O projeto visa melhorar a convivência familiar e comunitária, assim como manter os jovens na escola. Até 2009, o Projovem já havia beneficiado cerca de 600 mil jovens em todo país com um orçamento de aproximadamente R$ 312 milhões de reais.

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