Problemas ambientais sob a ótica dos meios de comunicação


Três jornalistas, com diferentes perspectivas, falam sobre a relevância que a imprensa tem dado à questão do Meio Ambiente e discutem o papel dos veículos midiáticos na conscientização da problemática ambiental

Reportagem de Júnior Souza, Luana Barros e Rochelle Guimarães

O meio acadêmico tem debatido, há algumas décadas, a temática ambiental. O assunto, no entanto, só começou a ganhar destaque na sociedade e na mídia a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). Realizado no Rio de Janeiro em 1992, o evento ficou popularmente conhecido como Rio-92. A reunião tinha como objetivo introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável: um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. 
 
Segundo a jornalista Maristela Crispim, o Meio Ambiente só começou a ter destaque na mídia anos depois da CNUMAD, com a RIO+10, ocorrida em 2002 na cidade de Johanesburgo, na África do Sul. Isso se deu, segundo ela, devido às previsões e constatações sobre o aquecimento global. “Embora essa questão já viesse sendo discutida há algum tempo, elas tiveram um salto muito grande”, afirma.

Este é um assunto recorrente e a comunicação tem sua parcela de influência. Edgard Patrício, professor doutor do curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que o jornalismo tem papel fundamental nos dois pontos. “O jornalismo pode ser um instrumento para mobilizar as pessoas, primeiro para discutir essa temática e depois ver que elementos estão envolvidos”, afirma.

Para Edgard, se exagerado, o destaque pode levar ao sensacionalismo, uma prática condenável. “Se você tem como principio do jornalismo a questão da função social, então como é que, a partir do sensacionalismo, você vai atingir essa função social?”, enfatiza. Na cobertura de pautas sobre o Meio Ambiente, de acordo com ele, o sensacionalismo se dá muitas vezes pelo enfoque nas consequências, sem explicar o que gerou determinado desastre.

A conscientização e a inclusão da sociedade nesse tema é, também, responsabilidade do Estado que, para Edgard, deveria começar dando exemplo. “Se você observar os projetos que impactam o meio ambiente, desenvolvidos aqui, você vai ver que grande parte deles estão relacionados a projetos do Estado”, explica. 

Ricardo Moura, assessor de imprensa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Ceará, diz que a empresas devem ter uma constante preocupação com o Meio Ambiente. “Todos os projetos têm de prever se são sustentável e quais são os impactos ambientais dele”, afirma.

Um dos projetos da Embrapa é a revista Agroindústria Tropical, uma publicação trimestral que traz conteúdos relacionados à área de atuação da empresa. “Em cada edição, tratamos de um assunto da área de atuação da Embrapa e trabalhamos isso por meio de uma matéria mais densa”, conta ele.

Para Edgard, a comunicação deve exercer um papel essencial na conscientização da sociedade enquanto o Meio Ambiente ainda for tema de debate. “Já é um grande caminho para tentar incorporar o jornalismo como elemento pra essa discussão da diversidade ambiental”, resume.

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