A temática abordada foi Juventude e Comunicação. Convidados da mesa salientaram o papel de sujeito político adotado pelos jovens atualmente.
Aconteceu ontem (20 de maio), no Auditório José Albano, do Centro de Humanidades da UFC, o I Ciclo de Debates da ação Palavras de Liberdade: a comunicação na efetivação dos direitos, promovido pela LIGA Experimental de Comunicação.
O tema em pauta foi Juventude e Comunicação. O debate contou com a mediação do professor do curso de Comunicação Social da UFC, Edgard Patrício, além de três outros profissionais convidados para a composição da mesa: a jornalista e educomunicadora da revista Viração, de São Paulo, Vânia Aparecida, a também professora do curso de Comunicação Social da UFC, Deisimer Gorczevski, e o comunicador e co-fundador da TV Janela, Valdenor Moura. Os nomes representavam Mídia, Academia e Sociedade Civil, respectivamente.
Iniciando as atividades do debate, Vânia falou sobre Políticas públicas de comunicação para a juventude. Ela destacou a importância da criação de espaços para que a os jovens produzam e veiculem informações, já que a real efetivação do direito à Comunicação não consiste somente no simples acesso ao conteúdo.
A visão estigmatizada dos jovens feita pela mídia e o fato de a Comunicação não ser uma pauta consolidada nas discussões sobre juventude no Brasil ainda hoje, foram pontos criticados pela jornalista, que também associou o tema Juventude e Comunicação à internet, que atua como um meio de livre expressão. "O acesso à internet é fundamental ao jovem, sendo um espaço de sociabilidade e de informação", afirmou.
Vânia concluiu a fala expondo os problemas que mais afetam os jovens atualmente. "Algumas das marcas da juventude contemporânea são o desemprego, o medo de morrer e o medo de estar desconectado".
Deisimer, em sua fala envolvendo Cartografia da recepção e do consumo midiático de jovens comunicadores comunitários, chamou atenção para a mudança que ocorre na visão da própria Academia acerca da juventude. "Os jovens estão deixando de ser vistos somente como ‘objetos’ de pesquisa e demandantes de ações, para serem encarados como autores das mesmas”, diz a professora. Em outras palavras: tornando-se jovens que produzem.
Analisou, também, os aspectos sobre a imagem do jovem que é construída pela mídia, falando inclusive do conceito da professora Glória Diógenes - "Estética Juvenil Globalizada" (jovem branco, loiro, sarado, etc.) -, para, então, situar que “o jovem diferente desse padrão estético aparece, na mídia, na maioria das vezes, ou como algoz ou como vítima de situações ligadas às múltiplas dimensões da violência e da criminalidade”.
Associando a juventude não só à grande mídia, mas também à Comunicação Comunitária, Deisimer acrescentou o fato de que o modo pelo qual a mídia comercial vitimiza a juventude também ocorre, muitas vezes, nas mídias alternativas, que também se utilizam dessa imagem, “reproduzindo” o que criticam.
Para finalizar o momento de exposição de fala de cada um dos debatedores, a palavra foi passada ao coordenador da TV Janela, Valdenor Moura, que priorizou discorrer sobre Participação comunitária na produção da comunicação da juventude.
Mostrando a relação existente entre o projeto do qual é representante e o Planalto Ayrton Senna, onde se localiza a TV Janela, o comunicador comentou a importância que o projeto tem nas questões que envolvem a juventude do próprio bairro: "O espaço foi criado para que os jovens possam se expressar através do audiovisual, para que eles possam criar uma linguagem própria".
Após as falas dos três convidados, o espaço do debate foi aberto para perguntas da plateia.
Encerrados os blocos de perguntas, cada um dos debatedores fez suas considerações finais. Em meio aos agradecimentos, eles convidaram a todos para que a discussão que envolve Juventude e Comunicação não parasse naquele momento, pois o tema é relevante e merece acompanhamento na luta por mudanças na prática.
William Santos