Por uma inclusão acessível - Parte 1

Leia aqui a primeira parte de nossas matérias que falam sobre Acessibilidade Digital, o tema da primeira reportagem é idosos.

Confira a cobertura de nossa visita ao Pirambu Digital

A Liga Experimental à visita a cooperativa Pirambu Digital. Confira como foi essa experiência.

Consciência Seletiva

O que realmente acontece? As pessoas estão realizando a coleta seletiva? O governo possui alguma obrigação relacionada a separação de resíduos? E quais são projeto de Fortaleza que participam da causa?

A ação Palavras de Liberdade!

Conheça mais sobre a ação Palavras de Liberdade, desenvolvida pela Liga Experimental de Comunicação.

Archive for setembro 2011

Conheça os debatedores da mesa de meio ambiente e comunicação

Maristela Crispim

No III Ciclo do Palavras de Liberdade, cujo tema é Meio Ambiente e Comunicação, a convidada para representar o perfil de mídia será Maristela Crispim.
Maristela é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará e mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente, também pela UFC. Atualmente, ela é editora de reportagem, no jornal Diário do Nordeste, da sessão Gestão Ambiental, que “trata de questões de sustentabilidade e de atitudes do setor produtivo em relação às questões ambientais”.
O Gestão Ambiental tem como principal tema o desenvolvimento sustentável, que pode ser definido pelo tripé economia, meio ambiente e sociedade. A sessão foi idealizada pelo professor Albert Gradwol, que também sugeriu o nome de Maristela para assumi-la.
O interesse da jornalista pelo meio ambiente veio logo na faculdade, onde começou a escrever artigos sobre o tema, ingressou no Partido Verde e virou militante do movimento ecológico. “Mesmo depois de eu ter deixado de militar no movimento ecológico, eu continuei escrevendo, por afinidade, sobre o meio ambiente e acabei me especializando na área”.
Atualmente a questão da sustentabilidade ganha cada vez mais evidência nas discussões diárias: “ao mesmo tempo em que eu venho alimentando o mercado de informações através dessa página, o mercado também vem reagindo e me dando pautas nessa área”, afirma Maristela.
Miguel Macedo

O convidado para representar o perfil Academia no III Ciclo do Palavras de Liberdade é Miguel Macedo.

Miguel é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especializado em Turismo e Meio Ambiente e mestre em Gestão de Negócios Turísticos. Já trabalhou nos maiores jornais do Estado e, além de ser professor da Faculdade 7 de Setembro, é coordenador de Comunicação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção.

Através da fundação alemã "Konrad Adenauer", que defende, entre outras coisas, o desenvolvimento sustentável e a economia solidária, o jornalista desenvolveu durante alguns anos o projeto "Laboratório Ambiental para a Imprensa e Estudantes", no qual realizou eventos com estudantes de jornalismo das regiões Norte e Nordeste do Brasil. "Como eu já tinha feito a especialização em Turismo e Meio Ambiente e meu mestrado em Gestão de Negócios Turísticos, poderia fazer o link com a questão ambiental, até porque, nos cursos de comunicação que são oferecidos nas nossas faculdades, não há uma disciplina voltada especificamente para uma categoria de jornalismo, que é a categoria de jornalismo ambiental", conta Miguel.

O jornalista pretendelevar essa discussão ao debate da próxima quinta-feira, pois acredita que, enquanto estudantes,“não podemos estar afastados da realidade da sociedade”. A ideia é, além de “apresentar um pouco o que fizemos em relação ao meio ambiente: as diferentes possibilidades que nós tivemos, a realização dos laboratórios ambientais para a imprensa”, discutir a importância de o jornalismo ambiental ser abordado nos cursos de Comunicação Social.

Monyse Ravena

A Sociedade Civil será representada por Monyse Ravena, assessora de comunicação da Cáritas – regional Ceará.

Formada pela Universidade Federal do Ceará em 2010, Monyse hoje é estudante do Mestrado em História Social, também na UFC, espaço onde teve início seu contato com os movimentos sociais. “Tenho uma aproximação muito forte com o MST, a gente fez várias coisas juntos, com alguns movimentos urbanos, muito a partir do contexto da universidade”, conta ela.

Atualmente, Monyse é assessora de comunicação da Cáritas, que ela define como “uma entidade com fins sociais, que é ligada à igreja católica e às pastorais sociais da igreja católica”. A assessora explica que, em seu surgimento, a Cáritas desenvolvia um trabalho de caráter assistencialista, mas com o tempo “ela começa a se transformar numa entidade mais envolvida na luta por direitos e passa a estar muito próxima às comunidades atingidas que têm seus direitos negados”.

Na campanha da fraternidade deste ano, a regional Ceará da Cáritas começou a discutir o meio ambiente a partir da perspectiva da convivência com o semi-árido e da defesa dos catadores de lixo reciclável.

Monyse caracteriza como principal desafio para a discussão sobre comunicação e meio ambiente “a forma como a comunicação constrói essa imagem do meio ambiente, do que deve ser a proteção ao meio ambiente, sempre tentando colocar uma espécie de culpa nos pequenos”, declara.

Consciência seletiva

Por que reciclar é tão difícil?
Por Roberta Souza


Panfletos no trânsito, latinhas de refrigerante na cantina, pacote de biscoito e embalagens de guloseimas são alguns exemplos do que a população está cotidianamente utilizando e direcionando para as ruas da cidade. Seria essa uma postura instintiva ou haveria solução para esse problema? E a Coleta Seletiva, não ajudaria? A questão é: Quem não está cumprindo seu dever?

Consumir, consumir e consumir

“A pessoa se identifica como cidadã a partir do momento em que ela se vê capaz de comprar e descartar. As referências de quem sou eu estão diretamente relacionadas às referências desse momento hegemônico de participação no mundo capitalista”, afirma a psicóloga ambiental Vanessa Louise Batista. Ela explica ainda que, inserida nesse contexto, a população é capaz de assumir posturas contraditórias, dividida entre o desejo e a consciência de preservação.
Segundo Vanessa, os meios de comunicação acabam atuando como instrumentos dessa lógica de consumo, sem quase nunca refletir ou criticar esse processo, o que pode ser observado nos anúncios publicitários que incitam o poder da compra para quem a exerce. “Ter uma autocrítica para manter uma direção da construção de uma identidade mais livre e criar alternativas para a construção de um mundo menos totalitário dominado por essa forma de consumo, seriam algumas soluções”, completa a psicóloga.

O que fazer com os resíduos?

Fortaleza é a terceira capital brasileira que mais produz resíduos sólidos, com 1,3 quilo diário por habitante. A cidade ficou atrás apenas de Brasília (2,4kg/habitante/dia) e de Manaus (1,5kg/habitante/dia) entre as capitais destacadas pelo Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, divulgado pelo Ministério das Cidades, com dados referentes ao ano de 2009.
Visando atenuar esses dados, a capital cearense conta com iniciativas como a do Projeto Vida, dirigido pelo LOCUS (Laboratório de Pesquisa em Psicologia Ambiental) da Universidade Federal do Ceará. Em 2009, a partir de observações feitas pelo grupo, da necessidade de preservarem-se as áreas verdes do Campus do Benfica como espaço social simbólico, iniciou-se uma campanha de coleta seletiva. Em parceria com o Instituto de Formação Empreendedora e Educação Permanente (IFEE) e o PROGERE (Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos), outro programa de extensão da UFC, o Projeto Vida garantiu a implantação das lixeiras nos Centros de Humanidades 1,2 e 3.

Lei é lei?

A iniciativa dos professores e estudantes da instituição federal está em concordância com a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos - que trata da destinação adequada dos resíduos no país, sancionada pelo ex-presidente Lula. De acordo com ela, as repartições federais têm por obrigação realizar a coleta seletiva, estendendo essa ação para a população em geral.
A coordenadora do LOCUS e do Projeto Vida do curso de Psicologia, Dra. Zulmira Bonfim, revela alguns problemas na aplicabilidade da coleta no Campus da UFC. “Como todo processo de conscientização, é difícil acontecer de uma hora pra outra. Hoje as lixeiras estão aí, e a função que era de separar não está acontecendo.” Segundo ela, o destino do lixo para as organizações de catadores da cidade só teria sido viabilizada pelas instâncias da Universidade durante os seis meses finais de 2009, estando até hoje comprometida. “Nossa ideia é retomar o projeto. Fazer outra vez a sensibilização dos alunos, e depois ver também como a Universidade continua dirigindo esse processo”.
Assim, enfatiza a necessidade da cooperação coletiva, afirmando que “a consciência do cidadão, a motivação, a relação desse cidadão com o lugar, a gestão pública, as oportunidades que são criadas, tudo isso junto vai proporcionar uma ação concreta de mudança de comportamento responsável”.

Quanto vale o verde?

O que é, afinal, o Marketing Verde: artifício para o aumento de vendas ou forma de conscientização socioambiental?

Foto retirada daqui.

Por Jully Lourenço, Saulo Luckas e William Santos

 A marca é a representação simbólica de uma identidade, ela informa a procedência e o destino de uma mercadoria. “Sem marca, o produto é apenas uma ‘coisa’, um simples objeto sem valor nem identificação”, explica Silvia Belmino, professora do curso de Publicidade e Propaganda da UFC.

As empresas se preocupam muito em atribuir às suas marcas valores que garantam a credibilidade e a fidelidade do consumidor. Nas últimas quatro décadas, essa preocupação tem girado em torno, principalmente, da responsabilidade ambiental. Para isso, as empresas associam suas campanhas a um “Marketing Verde”, o qual tem a finalidade de gerar no produto uma identidade de ‘ecologicamente correto’ ou ‘sustentável’. “O Marketing Verde teve início nos anos 70, nos EUA, quando a população começa a sentir os efeitos da destruição do meio ambiente e resolve dar um basta à poluição e ao desperdício, pressionando as empresas a produzirem com maior responsabilidade. Até então, o mercado se preocupava apenas com o cliente. Depois é que passa a se preocupar, também, com os métodos de obtenção dos seus produtos, seguindo as exigências de um consumismo verde”, informa Silvia.

Atualmente, esse conceito é muito mais amplo e sólido. Criou-se até uma norma internacional de qualidade para tratar especificamente da gestão ambiental nas empresas, a ISO 14000. “Possuir o selo de qualidade absoluta (ISO 9000), não é mais um diferencial no mercado, pois ter qualidade é a preocupação de todas as empresas. Nos dias de hoje, a responsabilidade ambiental é uma grande vantagem competitiva. ‘Se eu sou ecologicamente correto, eu sou o melhor’”, enfatiza a professora.

O outro lado da moeda: qual a visão dos consumidores?

Entre os consumidores, a imagem de uma empresa “amiga do Meio Ambiente” conta muito na hora de escolher onde e o que comprar. “Eu acho que as empresas realmente podem estar engajadas com isso”, supõe Isabele Câmara, 20, consumidora e estudante de Jornalismo da UFC. “Quando você coloca esse selo, faz essa propaganda, eu acho que também tem muito marketing”, analisa.

Isabele acredita no compromisso socioambiental das empresas
Para Isabele, a “maior preocupação é em relação às sacolas plásticas”, quando se fala em raciocínio de mercado quanto à temática ambiental. Ela diz já ter guardado consigo algumas sacolas ou mesmo fazer uso de ecobags, que são sacolas ecológicas personalizadas.

A consumidora fala que não está sempre atenta aos detalhes persuasivos de produtos estritamente ligados à ideia de responsabilidade socioambiental. No entanto, “se tiver visível, eu opto por uma coisa que está favorecendo o meio ambiente”, ressalta. A expansão do Marketing Verde interfere, mesmo que indiretamente, na mentalidade de quem consome. “A gente é induzido a comprar coisas que nós julgamos estar ajudando o meio ambiente, considerando fazer a nossa parte”, finaliza a estudante.

Danielle Melo, 21, também consumidora e estudante de Jornalismo da UFC, já considera que o Marketing Verde tem função puramente mercadológica. “Elas (as empresas) só estão seguindo uma lógica de mercado”, defende. A estudante acredita que a maioria dos problemas ambientais são consequências de um consumo desenfreado, impulsionado por uma sociedade capitalista. E, ainda, destaca que essas empresas só se dispõem de uma imagem ambiental para ecoar o discurso delas, a fim de promover marketing positivo em favor próprio.
Já Danielle, vê a marca verde apenas como estratégia de mercado

Para Danielle, não há responsabilidade ambiental nem social nessas empresas. Ela pontua que esse tipo de negócio “está sustentando a mesma lógica de consumo de produção, que vai continuar sendo sustentada e, senão, omitida por este marketing super barato”.

“Enquanto consumidora, eu estou tentando adquirir, aos poucos, uma consciência ambiental”, revela. “A gente tem que modificar o nosso jeito de consumir, e as empresas têm que modificar o jeito de produzir. Essa questão de só se vestir de verde é uma coisa paliativa que nada vai solucionar”, complementa.


Publicidade & Propaganda, sim!

E qual é a visão dos futuros publicitários? Como eles veem o marketing feito por muitas empresas através do termo “sustentabilidade ambiental”? Pedro Brandão, 21, é estudante do curso de Publicidade da UFC. Ele considera que o Marketing Verde dá, sim, sua contribuição para a sociedade. “Quando uma empresa refloresta ao mesmo tempo em que faz seus produtos, recicla papel, faz campanhas de conscientização sobre racionamento e reciclagem, tudo isso gera um bem social considerável”, diz. E completa dizendo que “quanto maior a empresa e melhor a estratégia de abordagem das campanhas para que a população se dê conta de quanto faz bem à natureza mudar pequenos hábitos diários e tudo, melhor para o mundo e para a natureza”.

O estudante considera que, em seu sentido mais amplo, o Marketing Verde é muito além que só Publicidade, é também Propaganda. “Tomando por base a ideia de que Publicidade visa o lucro e que Propaganda visa pessoas aderindo a uma causa, acho que o marketing como um todo visa a junção desses dois pontos”, afirma.

“Nenhuma empresa com um setor de marketing atuante quer que alguém compre seus produtos e simplesmente esqueçam de onde aquilo veio. Portanto, junto a um produto que se vende como ‘verde’, há uma carga de significados em torno daquilo. Um sabonete feito exclusivamente com produtos naturais não é apenas um sabonete, é uma garantia de saúde, de consciência limpa, de pensamento coletivo e social, e assim por diante”, conclui Pedro.

Quando se fala em Marketing Verde, a discussão é essa: simples artifício usado pelas empresas para criar uma boa imagem frente aos consumidores e aumentar suas vendas, ou ações que realmente têm responsabilidade socioambiental, que buscam criar na população uma consciência de preservação? A professora Silvia Belmino explica que “a generalização é problemática, mas devemos considerar que o Marketing Verde é uma onda de mercado na qual todos querem surfar”. E mais: “Não podemos ver o marketing como uma grande mentira. Ele molda o método de produção, leva as empresas a assumirem uma postura diferente e ainda conscientiza o consumidor”, pontua.
 


[SAIBA +]


O Marketing Verde na prática
Confira alguns exemplos que a equipe do Palavras de Liberdade separou para você e saiba mais sobre o assunto.





Faber Castell

Segundo o texto, os materiais utilizados pela empresa não afetariam o meio ambiente, deixando-o assim livre para que as espécies nativas de fauna e flora não sofressem com o impacto ambiental que poderia ser causado pela empresa.

Outra informação que ela passa é de que os produtos feitos por esta empresa são feitos de matéria - prima que não desmata áreas nativas que estejam em áreas de preservação, pois são oriundas de áreas de reflorestamento, onde o impacto na natureza é minimizado por não agredir áreas naturais, mas sim, utilizar madeira reflorestada, neste caso eucalipto.

Apesar do uso do eucalipto como fonte de matéria-prima, ainda como monocultura, esse se torna mais viável, pois não se utiliza a mata nativa, logo, a intenção neste caso é tentar minimizar o impacto ambiental e não dizer que ele não acontece, pois o mau manejo do eucalipto pode ser tão prejudicial, quanto devastar uma floresta nativa para a produção de lápis ou papel.






Natura Ekos
O objetivo principal é vender a idéia de que tudo é parte de um importante processo natural, de integração entre natureza e o homem, mas a propaganda não fala de quem poderá comprar este produto. Sabemos que muitas vezes produtos de origem “sustentável” ainda são produtos economicamente inacessíveis à maioria da população, uma vez que há a agregação de valores ao preço final de um produto, e muitas vezes, este preço é muito grande se levarmos em consideração o ganho de que uma pessoa que sobrevive da coleta de sementes possa pagar para consumi-lo. Desta forma, apesar de levar renda para esta população outras questões são deixadas de lado e não são discutidas.


As análises foram retiradas desse artigo, da pesquisadora Carina Certti. Vale a pena conferir!

III Ciclo de Debates - Meio Ambiente e Comunicação




Encontram-se abertas as inscrições para o III Ciclo de debates da ação Palavras de Liberdade, com o tema Meio Ambiente e Comunicação. As inscrições são gratuitas e o formulário pode ser acessado clicando na imagem acima.

Entrevista com o vereador João Alfredo (PSOL-CE)

Em entrevista à equipe do Palavras de Liberdade, o vereador do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) tratou dos principais problemas socioambientais do Ceará. Especulação imobiliária, derrubada de árvores, destino do lixo e políticas de mobilidade ineficientes foram alguns dos temas abordados por João Alfredo em sua avaliação de como os poderes públicos municipal e estadual têm atuado na preservação do meio ambiente e na implementação de políticas que propiciem uma nova consciência socioambiental em Fortaleza e em todo o Ceará.


Abaixo, você confere a entrevista na íntegra: