Por uma inclusão acessível - Parte 1

Leia aqui a primeira parte de nossas matérias que falam sobre Acessibilidade Digital, o tema da primeira reportagem é idosos.

Confira a cobertura de nossa visita ao Pirambu Digital

A Liga Experimental à visita a cooperativa Pirambu Digital. Confira como foi essa experiência.

Consciência Seletiva

O que realmente acontece? As pessoas estão realizando a coleta seletiva? O governo possui alguma obrigação relacionada a separação de resíduos? E quais são projeto de Fortaleza que participam da causa?

A ação Palavras de Liberdade!

Conheça mais sobre a ação Palavras de Liberdade, desenvolvida pela Liga Experimental de Comunicação.

Archive for 2011

Os diferentes pontos de vista dos telespectadores

Continuação do post anterior
Por: Iane Lara, Saulo Luckas e William Santos

              Lucileide Magalhães, 42, é telespectadora assídua de jornais policiais. O programa que mais assiste é o Barra Pesada. Ela acompanha esse tipo de noticiário “para ficar informada do que está acontecendo” e vê nisso um modo de se prevenir da violência.     
            “Tem uma coisa que eu não gosto muito: quando passa [matérias] sobre morte”, conta a dona de casa. No entanto, ao comparar o seu jornal preferido aos outros noticiários policiais de Fortaleza, Lucileide defende que ele não desrespeita os Direitos Humanos. Ela menciona, por exemplo, que o telejornal não permite que cenas fortes sejam expostas.


"Os jornais policiais servem para alertar, principalmente na questão das drogas”
            Para Lucileide, os jornais policiais “servem para alertar, principalmente na questão das drogas”.  Para ela, à medida que se expõem as consequências do crime, como assassinatos, prisões e morte, os jovens são advertidos sobre o perigo de se envolverem com essas práticas. “Acho que [os programas policiais] contribuem para diminuir a violência”, conclui.
            A dona de casa vê os noticiários policiais como uma ferramenta nas mãos do poder público no combate a violência. Ela cita o exemplo de uma reportagem que denunciava o caso de jovens que se estavam usando drogas e se prostituindo no entorno do Centro Cultural Dragão do Mar. “Depois da transmissão da matéria, a Polícia e o Juizado de Menores foram ao local tentar solucionar o problema. Ficaram mais atentos”.  
           
Informação é o suficiente

            Já Lívia Pereira, 24, não é telespectadora de programas policiais. Mesmo já tendo assistido algumas vezes, ela diz que não vê necessidade de exibirem cenas com determinados conteúdos. A informação bastaria para deixar a população a par do que acontece. “Já assisti aos programas Barra Pesada, Rota 22 e Cidade 190. Na minha opinião, saber de um acidente ocorrido em uma região para onde vou é suficiente para me fazer pensar em optar por uma rota alternativa, assim como saber do aumento do número de assassinatos em um bairro pode me fazer ter mais cuidado ao ir ao local ou evitar ir ao local”, explica.
         “Eu não preciso ver pedaços do corpo da pessoa que sofreu o acidente ou da pessoa que foi assassinada espalhados na rua para tomar esses cuidados. Quem precisa? Não vejo utilidade pública na exposição dessas cenas às pessoas em horário nenhum, muito menos no horário de uma refeição. Uma falta de respeito em dose dupla”, completa.

 “Eu não preciso ver pedaços do corpo da pessoa que sofreu o acidente ou da pessoa que foi assassinada espalhados na rua para tomar esses cuidados.

            Lívia considera que todos os programas policiais têm uma abordagem sensacionalista e política. O que os diferencia são características que ela julga serem próprias de cada um. “O programa Barra Pesada, para mim, é o único que chega a ter um certo caráter de ‘agente social’, já que alguns quadros visam relatar os problemas da população, confrontando o poder público, pedindo soluções e acompanhando os resultados. O Cidade 190, por sua vez, parece mesmo ser uma vitrine para que candidatos a cargos públicos fiquem expostos diariamente aos olhos do público fantasiados de ‘defensores da sociedade’”, sentencia.
         “De forma alguma esses programas atuam no combate à violência, tampouco contribuem para banalizá-la. Nem poderiam, afinal, esse é o produto que eles vendem. Daí o sensacionalismo”, teoriza Lívia.
        Ainda em relação à contribuição dos programas policiais televisivos no combate à violência, a jovem se questiona, já que afirma não ter visto reais benefícios na prática. “O combate à violência é feito com ações que visam diminuir os números das ocorrências, como fazem as campanhas contra o armamento e contra a ingestão de bebidas alcoólicas por motoristas, por exemplo. Essas ações têm números que comprovam sua eficácia, mesmo que tímida, no combate à violência”, arremata. 

Como a imprensa noticia a violência?

Por Iane Parente, Saulo Luckas e William Santos

     Há mais de 20 anos os programas policiais fazem parte do dia a dia de milhares de fortalezenses. Alguns são líderes de audiência, principalmente no horário do almoço. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ibope, o programa de maior público da capital cearense, o Barra Pesada, atinge uma média de 14.7 pontos de audiência, com picos de 19.8 pontos, no horário de 11h50 às 13h40, de segunda a sexta-feira.
     O sucesso, no entanto, não livra os programas de sofrerem críticas a respeito de sua conduta ética ao promoverem, em suas coberturas, supostas contribuições à banalização da violência ou ao desenvolvimento da chamada “cultura do medo”.
     Igor Monteiro, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que não se deve responsabilizar os meios de comunicação, no sentido de demonizá-los, por apreciações equivocadas. “Há leituras que mostram que essa exposição causa efeitos críticos: eu estou mostrando o que de fato acontece. Por exemplo, uma mazela que precisa ser observada pelo poder púbico, que está próxima da gente e que os outros cidadãos também precisam observar. Tem outra leitura que vai dizer: é espetacularização. E de fato, é. Promove imbecilização”, diferencia.

William Santos conversa com Nonato Albuquerque
     O Barra Pesada, da TV Jangadeiro, é um programa que está no ar há 21 anos. Desde janeiro de 1993, ele vem sendo apresentado pelo jornalista Nonato Albuquerque. Segundo o blog da emissora, o apresentador teria mudado totalmente a cara do programa a partir da data que o assumiu. “O Barra tem um conceito de sempre tratar os fatos policiais de uma maneira em que não haja sensacionalismo. A gente prioriza outras informações da área do serviço às comunidades. Esse encontro de registro policial com atendimento às demandas da comunidade tem suscitado a atenção dos telespectadores”, explica Nonato ao comparar o telejornal que apresenta em relação a outros noticiários policiais de Fortaleza.

     As polêmicas em torno das coberturas policiais ganham peso também nas discussões a respeito das políticas públicas de combate à violência. O discurso dos programas, em muitos momentos, esquece o princípio da busca pela objetividade, propondo e cobrando medidas de combate à violência que sugerem o desrespeito aos Direitos Humanos dos criminosos.
     Outras vezes, é a idéia de aumentar o policiamento da cidade que fica evidente, sem lançar questionamentos quanto à preparação e atuação dos policiais, sem propor outros caminhos para o combate à violência que não sejam por meio da força.

E qual é o porquê de tanta audiência?
     Igor Monteiro acredita que há uma ambigüidade bastante forte quando buscamos entender os motivos pelos quais a violência tem tanto ibope na sociedade. “Você tem ali a difusão de imagens de morte, de crime, uma total profanação do corpo, mostrado numa estética da espetacularização, do choque. Isso pode arrebatar, mas ao mesmo tempo, quando você tem a possibilidade do sujeito falar sobre o que está acontecendo, aquilo ali vira um espaço que é apropriado por ele. Ele meio que denuncia”, analisa.
     O âncora do Barra Pesada, por sua vez, aponta a presente crise ética e moral como motivo do forte interesse da sociedade por jornais policiais. Para Nonato, essa “crise que gera degradação, violência, insegurança e caos” tem sido o foco da mídia por representar a cerne das discussões sociais. A maneira como essa temática vem sendo abordada tem levantado questionamentos acerca de sua contribuição à banalização da violência. "Se contribui ou não, essa é uma discussão tão antiga e vai levar tempo até que a sociedade possa imprimir um outro rumo, no sentido de uma evolução muito mais útil. Eu acho que nós somos espelhos de um momento, quando a sociedade tiver uma geração muito mais contributiva em termos de prática, de moral, nós também seremos espelhos desse momento”, pondera.

O estereótipo do “mau elemento”: a classe social influencia?
     Uma das críticas feitas à responsabilidade ética dos noticiários policiais envolve o modo como diferenciam as abordagens dos crimes cometidos por indivíduos de classe baixa e indivíduos de classes abastadas. O argumento usado é de que há um desrespeito aos Direitos Humanos quando os programas revelam o nome completo dos acusados e expõem sua imagem, intitulando-os como culpados mesmo sem terem ainda sido julgados.
     Sobre o assunto, Nonato lamenta quando percebe fontes nas matérias do Barra que evidenciam em suas afirmações que a pobreza é o único foco da violência. “De ladrão, Brasília está cheia”, costuma dizer. “Há uma desinformação ao achar que [as pessoas de classe baixa] são todas criadas para o mal, quando na verdade todas são vítimas da própria sociedade”, opina.
     Igor Monteiro considera que o bombardeamento de informações acaba influenciando as pessoas na criação de certos imaginários. “Não resta dúvida que, quando você localiza constantemente na mídia os fenômenos violentos em determinados bairros, esses bairros passam a ser estigmatizados”, explica. Mas o pesquisador reconhece outra postura que também é tomada pelos veículos de comunicação. “Se eles [os moradores] também têm lugar na mídia, ela contribui para esse processo de contra-estigmatização. Quando ela passa a mostrar as ações feitas nesses lugares, ela também pode contribuir para diluir essa imagem do estigmatizado”, diz ele, que reconhece nessa possibilidade uma forma da mídia combater a violência.

Mas afinal, a mídia pode contribuir no combate à violência?
     O jornalista Nonato Albuquerque acredita que os noticiários policiais podem, sim, contribuir no combate à violência, “quando dão a oportunidade para que o âncora tenha a liberdade de analisar um fato e mostrar o lado correto do exercício do valor da vida”. Segundo ele, para evitar que haja a propagação da cultura do medo, a mídia deve evitar “o sensacionalismo, a falta de ética, dentro dos princípios que a gente aprende até dentro do curso [superior de Jornalismo]. Quando a gente pensa em argumentar só pra ter audiência, a gente perde o sentido do valor das coisas”, opina.
     Já Igor Monteiro considera que a Comunicação pode contribuir no combate à violência no sentido de propor visibilidade. “Eu acho que talvez essa seja a principal ação que poderia ser tomada pela mídia. Estabelecer uma equidade de espaços. Porque já que ela promove o espaço para que se expresse ou para que se torne visível um problema, uma falta, que ela também abra espaços. Eu acho que isso vem ocorrendo, para mobilizações, articulações, agenciamentos, para ações coletivas que também trabalham no sentido de outra lógica, que constroem uma outra noção de espaço, de um espaço não-violento”, afirma.
     Nonato Albuquerque não vê alternativas para combater a violência que não sejam a educação e o trabalho. Para que a sociedade seja mais pacífica, o poder público deve atentar para estes aspectos. “Se derem para as escolas os recursos suficientes, os meios, a capacitação profissional, nós não teremos tantos ‘Barras Pesadas’”, aposta o jornalista.

Educador popular paulista discute Violência Urbana e Comunicação amanhã na UFC

Na manhã deste sábado, 3/12, a Liga Experimental de Comunicação, através do Palavras de Liberdade, promove uma roda de conversa sobre Violência Urbana e Comunicação no curso de Comunicação Social da UFC. O espaço será facilitado por Givanildo Manoel da Silva, o Giva, educador popular e membro do Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus.

O espaço está marcado para 8h30 e é aberto ao público. Haverá emissão de certificados, mas não é necessário realizar inscrições prévias.

Contamos com a presença de todos!

De onde vem o medo: Violência Urbana e Comunicação no último debate do Palavras de Liberdade

Após quatro ciclos de debates que trouxeram à tona a relação entre os Direitos Humanos e a Comunicação, o Palavras de Liberdade, ação promovida pela Liga Experimental de Comunicação, discute Violência Urbana e Comunicação, hoje (30/11), às 18h, no Auditório Rachel de Queiroz.

Conheça agora os nossos debatedores:

Sociedade Civil I
Atendendo pelo nome de Givanildo Manoel da Silva, ou, simplesmente, Giva, o educador popular paulista atua no movimento Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus.

A aproximação com a temática da violência deu-se em 1989, a partir de discussões acerca dos direitos de crianças e adolescentes. Sua atuação teve início na região do Campo Limpo, em São Paulo. “Desde então, tem sido um debate permanente que tem perseguido a minha militância”, conta ele.

Giva participou da concepção da proposta do Tribunal Popular, que surge no bojo das discussões sobre a criminalização de crianças e adolescentes e o papel do Estado nesse contexto.

Ele acredita que “a comunicação pode contribuir na discussão do enfrentamento da violência praticada contra o povo”. E argumenta: “penso que o caminho é colocar a violência não como causa em si, mas resultado de um processo, (...) o maior propositor da violência tem sido o Estado. Trabalhar essa questão com o devido cuidado precisa ser o papel da comunicação.”


Sociedade Civil II
Del Teixeira é integrante da Central Única das Favelas (CUFA) há sete anos, quando fundou a base CUFA Lagamar, e é coordenador estadual da Central há dois anos. É também graduando do curso de Direito.

Desde jovem, participa de movimentos de combate ao envolvimento de crianças e adolescentes com a violência urbana. Foi ao conhecer Preto Zé, atual presidente nacional da CUFA, que, convidado a ingressar na Central, criou a base Lagamar.

De acordo com Del, a cobertura midiática hoje é muito mercadológica e não incentiva a sociedade a questionar. “Você toma café, almoça e janta vendo sangue”, comenta. Essa banalização da violência, segundo ele, acaba atingindo crianças e adolescentes e eles passam a ver a violência como algo normal.

A cobertura midiática, segundo o coordenador, também estimula o medo da sociedade, mesmo que nem sempre haja certeza do que está sendo veiculado. “Hoje você tem medo do outro, medo do vizinho, medo da escola, medo de tudo que cerca você.”


Mídia
Tiago Braga é repórter do caderno de Cotidiano do jornal O Povo desde agosto de 2010. Formado pela UFC, antes de trabalhar no jornal O Povo, foi produtor da TV Cidade e da TV Ceará. É sua primeira experiência na área de segurança pública.

A aproximação com o tema foi gradativa, iniciada com grandes reportagens relacionadas ao tema, como assaltos a bancos. “Na época de faculdade eu não me imaginava nessa área. Aceitei como um desafio”, diz Tiago Braga.

Ir além do factual é, segundo Tiago, o diferencial que a cobertura de segurança pública deve ter na mídia. É necessário que se saiba contextualizar o assunto tratado, já que a simples narração dos fatos pode provocar apenas medo nas pessoas. 

Para ele, a cobertura da mídia sobre o tema deve ser sobretudo cuidadosa. “Nós temos que noticiar o fato, o que aconteceu, mas temos que ter cuidado com o destaque e a maneira como abordamos esse assunto para que não acabe gerando mais violência”, conclui.


Academia
Igor Monteiro é doutorando em Sociologia na Universidade Federal do Ceará e faz parte do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da mesma instituição.

Sua aproximação à temática da violência veio a partir de sua pesquisa de mestrado, quando analisou o filme Abril Despedaçado, de Walter Sales. “A idéia era transformar o filme num campo de investigação socio-antropológica. (...) Essa violência [vista no filme] é um grande exemplo para se pensar a ordem, a positividade da violência, no sentido da estruturação de um local”, explica Igor.

Junto à pesquisa, veio o envolvimento com o LEV: “surgiu um convite para participar de algumas reuniões e eu fui ficando, me engajando nas pesquisas e estou até hoje.” Ao falar das contribuições do Laboratório nas discussões sobre violência, Igor afirma que “ele busca complexificar esse fenômeno e aí, talvez, a maior riqueza dele [do laboratório] seja não trabalhar no sentido desses reducionismos.”

Igor entende a mídia como um espaço que tanto pode contribuir na estigmatização de certos bairros – tidos como violentos – quanto na contra-estigmatização destes mesmos bairros. “Quando ela [a mídia] também passa a mostrar as ações feitas nesses lugares, ela também pode contribuir para diluir essa imagem do estigmatizado”, argumenta.
 
 

 

  

Inscrições para o Ciclo de Violência Urbana e Comunicação



Estão abertas as inscrições para o V e último Ciclo de debates da ação Palavras de Liberdade, com o tema Violência Urbana e Comunicação. As inscrições são gratuitas e o formulário pode ser acessado clicando na imagem acima.

"Por uma Inclusão acessível" - Parte II

Continuando a série de reportagens, apresentamos hoje a história de Celso Nobrega. Formado em Publicidade, com especialização em Marketing, Celso hoje cursa Jornalismo na Universidade de Fortaleza (Unifor). O diferencial nessa história, além do currículo bem vasto para um homem de 26 anos apenas, é que Celso é deficiente visual. Acompanhe ao longo dos 11 minutos da matéria a seguir o relato completo (e bem humorado) dos caminhos que Celso encontrou para se inserir no meio digital.

A matéria é uma produção de Aimêe Andrade, Bárbara Rocha e Grazielle Barros.

"Por uma Inclusão acessível" - Parte I

Você acompanha a partir de hoje a série "Por uma Inclusão acessível", que traz, a partir de experiências e relatos de vida, as histórias de pessoas que lutam diariamente para fazerem parte do mundo digital. Na abertura da série, conheça um pouco sobre a situação dos idosos em Fortaleza ao se deparam com as novas tecnologias que cercam nossa vida e com a necessidade de manuseá-las.

A reportagem é de Luana Barros.


A melhor idade para fazer parte

Parece ser muito comum associar os avanços tecnológicos à juventude, mas as inovações são um desafio e fazem parte do cotidiano de pessoas em diferentes fases da vida. Cada vez mais, dependemos das máquinas eletrônicas, seja para subir vários andares de elevador, para retirar dinheiro do banco ou para se comunicar com quem está longe (ou bem próximo, em alguns casos). Com toda essa necessidade de interação, sem perceber, essas tecnologias, além de melhorias óbvias, podem propiciar um novo tipo de exclusão: a digital.

Para Liduína Pinheiro, de 60 anos, a exclusão se dá principalmente a partir das diferenças de idade. “A nova geração já nasceu nessa era digital, cresceu brincando em computador, videogame, diferente da minha, que ainda está aprendendo a mexer.” Assistente social aposentada, ela admite não ser exímia conhecedora do mundo da informática. “Tento passar pelo menos uma hora por dia, para conseguir aprender cada vez mais e quando preciso, peço ajuda a amigos, vizinhos”, revela. 

Liduína vive os desafios da inclusão
Em Fortaleza, com o objeto de incluir digitalmente a população, a Prefeitura municipal criou, há cinco anos, o Centro de Referência do Professor. Destinado primordialmente a formação de professores municipais em informática educativa, o espaço estende seu atendimento à população. Associado a um projeto social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Khouse, o Centro busca a democratização do acesso aos computadores e à Internet. Parte desse projeto é desenvolvido especificamente para a melhor idade, o Khouse Raízes do Brasil.

Zaira Maria de Araújo, professora de informática há 13 anos e coordenadora do projeto há cerca de um ano e meio, destaca a importância que a inclusão digital tem para os idosos. “Com o avanço da tecnologia é importante o idoso ter conhecimento dos seus direitos, ter acesso a comunicação, a leitura de jornais, revistas, porque ele mesmo vai adquirindo conhecimento”, diz.


Zaira: as dificuldades de incluir idosos no meio digital

“Incluir digitalmente, para mim, é colocar o idoso no mesmo patamar, até porque ele também é um cidadão e tem os mesmo direitos que uma pessoa jovem ou adulta tem”, completa Zaira.


Amanhã, você confere a continuação da série numa entrevista sobre as dificuldades que deficientes visuais enfrentam no meio digital. Não perca!

LIGA visita a cooperativa Pirambu Digital


Na tarde da última sexta-feira (28/10), a LIGA Experimental de Comunicação visitou a Cooperativa Pirambu Digital, localizada no bairro de mesmo nome, para promover um Grupo de Discussão sobre o tema Inclusão Digital e Comunicação. O evento faz parte do IV Ciclo do Palavras de Liberdade e integrou ainda as atividades da XX Semana de Comunicação da UFC – Comunicação, política e mídias digitais: o pensamento divergente na era das Convergências, que aconteceu de 25 a 28 de outubro.
A Cooperativa Pirambu Digital foi fundada em 12 de janeiro de 2006, por jovens que se formaram em cursos técnicos regulares promovidos pela parceria entre o Instituto Federal do Ceará (IFCE), o movimento Emaús e a LG Electronics. “O Pirambu Digital é um empreendimento tecnológico sem fins lucrativos, mas com caráter comercial. Oferecemos serviços de tecnologia da informação e comunicação, gerando renda e promovendo projetos sociais para o bairro”, explica João Paulo Lima, um dos sócios fundadores e atual diretor comercial da cooperativa.


O olhar da experiência

Dentre os serviços oferecidos pelo Pirambu Digital, destacam-se o desenvolvimento de softwares, a manutenção de hardwares e os treinamentos e cursos ministrados na área da informática. Leonardo Rodrigues, estagiário da área de softwares, destaca a importância que a experiência na cooperativa teve em sua vida. “Eu faço Física na Universidade Vale do Acaraú e através do curso promovido pelo projeto É Jovem, dei um foco para o que eu realmente queria. O bom daqui é que eles dão a formação e depois podemos nos tornar sócios.”
Quem também está no estágio profissionalizante na cooperativa é o estudante Fernando Henrique, da escola pública Ícaro de Sousa Moreira. “Antes do Ensino Médio eu não sabia nem acessar o e-mail. Agora tenho muito conhecimento e me sinto mais preparado para atuar na área da informática”.
Adriano Alves da Silva, colega de sala de Fernando, atua na área de treinamento, dando cursos para as crianças do bairro. “Apesar da procura pelo software e hardware ser maior, vi na área do Treinamento uma oportunidade. Aqui dou aulas de informática para as crianças. Elas exigem muita atenção. Criança no meio da rua não aprende nada. O projeto tira o olhar deles da violência do bairro”.


Inserção nas redes sociais
Outro ponto discutido na roda de conversa foi o uso das redes sociais na atualidade. A estudante do 4º semestre de Publicidade e Propaganda e integrante da LIGA experimental de Comunicação, Agda Sarah Sombra, falou sobre a utilização das redes sociais pela maioria dos estudantes de comunicação. “A gente acessa twitter, facebook mais de cinco vezes por dia. Somos viciados”, declara entre as risadas dos outros estudantes que concordam com a afirmação.
Fernando diz usar as redes sociais mais como ferramenta de entretenimento, considerando positiva a limitação imposta por algumas escolas no acesso as redes. “Tem gente que age de má fé. Acho que a limitação é uma forma de controlar isso”. João Paulo concorda com Fernando, explicando como se dá essa dinâmica no Pirambu Digital. “Para o ambiente cooperativo algumas redes sociais são prejudiciais à produção. Então, também preferimos efetuar o bloqueio”.


Mudanças no Bairro

Diante das ações da cooperativa, o bairro Pirambu ganha nova visibilidade. “Mais comércio, geração de recursos, mais pessoas procurando informações depois do término do Ensino Médio. Tudo isso contribui para o progresso da comunidade”, afirma João Paulo.
E há ainda a importância que a inclusão digital garante no exercício de direitos cidadãos. “Agora sou conhecedor. Posso exigir meus direitos”, afirma Leonardo. “Com a informatização de recursos, quem está no meio digital tem mais facilidade. Antes eu perdia muito tempo no telefone, agora resolvo tudo pela internet”, conclui João Paulo.

Confira mais sobre a ação da Cooperativa Pirambu Digital no site: http://www.pirambudigital.com.br

Saiba mais sobre o Pirambu Digital e João Paulo Lima que representa o perfil de Sociedade Civil

A Cooperativa Pirambu Digital foi fundada há quase seis anos por jovens do Pirambu e
adjacências que se formaram em cursos técnicos regulares promovidos pela parceria
IFCE, EMAÚS e LG Electronics.

Em 2003, foram classificadas 120 jovens, com idade entre 18 e 24 anos, para ingressar
nos cursos de Desenvolvimento de Software e Conectividade, promovidos pelo IFCE.
Quando estavam próximos de concluírem o curso, os jovens foram estimulados
pelo Professor Mauro Oliveira, então Diretor do CEFET–CE, a participarem do
desenvolvimento desse projeto.

Desde então, a empresa vem oferecendo serviços de tecnologia da informação e
comunicação (TIC), além de desenvolver projetos sociais de inclusão digital. Os jovens
gerenciam o próprio negócio com o objetivo de torná-lo auto-sustentável, criam
vínculos com o bairro Pirambu e auxiliam no desenvolvimento do seu entorno social.

Um dos projetos sociais de destaque da Pirambu Digital é o BILA, Biblioteca Integrada
à LAN House. O objetivo desse projeto é dar a crianças, adolescentes e adultos a
oportunidade de acesso a biblioteca e a internet. Os usuários pagam com leitura
o tempo equivalente ao uso do computador, despertando o gosto pelos livros e
promovendo inclusão digital. O BILA já ganhou dois prêmios de reconhecimento
nacional, o Vivaleitura do MEC e o Anu que é oferecido pela CUFA em parceria com
a Rede Globo e a Petrobras. Atualmente, o projeto beneficia mais de 200 usuários de
todas as faixas etárias.

Rones Maciel da Catavento é o perfil de Mídia no ciclo de Inclusão


Rones Maciel é o convidado para representar o perfil Mídia na mesa de debates do IV Ciclo do Palavras de Liberdade, Inclusão Digital e Comunicação.
O estudante de jornalismo é membro da ONG Catavento desde 2005, quando participou de um projeto de formação em Comunicação Popular em Quixeramobim, sua cidade natal.
Ao longo desses anos, Rones fez parte de entidades e projetos voltados para a Comunicação alencada à Educação, Cultura e Inclusão Digital, como a Rede Andi-CE, a Rádioescola pela Educação e o Catadores de Sonho.
Atualmente, faz parte do Projeto Agência Jovem de Notícias, onde jovens produzem comunicação em suas comunidades utilizando-se de ferramentas digitais, como internet e SMS.
Nesta quinta-feira, Rones deseja levar para o debate questões como a inclusão digital nas escolas e a capacitação dos professores designados para esse tipo de trabalho, além disso, pretende discutir formas de potencializar essa inclusão e rever suas relações com a Comunicação Social.

Conheça o perfil Academia que debate hoje no Ciclo de Inclusão Digital

Hermínio Borges

O convidado para representar o perfil Academia no IV Ciclo do Palavras de Liberdade,
sobre Inclusão Digital e Comunicação, é o professor adjunto da FACEDE (Faculdade de
Educação da UFC), Hermínio Borges Neto.

Pós-doutor em Educação Matemática pela Universidade de Paris IV e bolsista
pesquisador do CNPq desde 1968, Hermínio coordena o Laboratório de Pesquisas
Multimeios da FACEDE, ação criada em 1997 como parte integrante do PROIN
(Projeto de Integração), edital que visa associar o trabalho de graduandos e pós-
graduandos da Universidade. "No Multimeios, partimos do pressuposto de que não
se reinventa a roda. Assim, aproveitamos os softwares já existentes e aplicamos na
Informática Educativa", afirma o professor.

No debate da próxima quinta-feira, o convidado pretende levar uma metodologia de
mediação, interação e ensino, que reflita sobre o termo Inclusão Digital no que diz
respeito ao desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. "Muito mais rico que
a tecnologia é saber o que fazer com ela", conclui ao avaliar a sustentabilidade e a
qualidade da tecnologia educacional proposta nos dias de hoje.

Confira o que rolou no III debate do Palavras de Liberdade





O III ciclo de debates do Palavras de Liberdade, ação promovida pela LIGA Experimental de Comunicação, discutiu o papel do comunicador e da mídia no tratamento de assuntos relacionados ao meio ambiente. Participaram da mesa a jornalista Maristela Crispim, responsável pela página de Gestão Ambiental do jornal Diário Nordeste; Monyse Ravena, assessora de comunicação da Cáritas – Regional Ceará; e Miguel Macedo, jornalista e professor de jornalismo ambiental da Faculdade 7 de Setembro – Fa7. O debate aconteceu no dia 22 de setembro.

Maristela Crispim abriu a discussão, contando sobre sua experiência tanto quanto jornalista, quanto como ativista ambiental. Quando perguntada sobre a escolha de pautas para o Gestão Ambiental, ela afirmou que prioriza resultados à projetos.

Miguel Macêdo, representando o Meio Acadêmico, disse acreditar que após o “boom” de jornalismo ambiental, impulsionado pela ECO 92, a prática vem, aos poucos, perdendo espaço dentro da mídia. Miguel ressaltou ainda a necessidade da criação, nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, disciplinas – obrigatórias ou optativas – que discutam a relação entre a Comunicação e o Meio Ambiente.

Monyse Ravena apresentou o trabalho desenvolvido pela Cáritas e abordou as ações específicas deste ano: a defesa dos direitos humanos dos catadores de lixo e a convivência humana com o semi-árido. Monyse afirmou que tem que se aprender a “conviver com a irregularidade das chuvas, não com a falta delas”.

Todos os debatedores parabenizaram a iniciativa da Liga pela realização do debate. De acordo com eles, enquanto não há disciplinas específicas sobre Meio Ambiente na grade curricular do curso de Comunicação Social, o que devemos fazer é estimular diálogos sobre o tema. Esta atitude, afirmam, garantirá que o Meio Ambiente possa ser visto de maneira mais clara sob a ótica da Comunicação. 



[saiba+] 
O Palavras de Liberdade, em três ciclos, já discutiu Juventude, Diversidade Sexual e Meio Ambiente. Todos os temas explorados à luz da Comunicação. Agora, a Liga Experimental se prepara para a realização do IV Ciclo de Debates: Inclusão Digital e Comunicação. O debate acontece no dia 27 de outubro, às 18h, como parte da programação da XX Semana de Comunicação da UFC.

As fotos do evento você encontra aqui: 

Problemas ambientais sob a ótica dos meios de comunicação


Três jornalistas, com diferentes perspectivas, falam sobre a relevância que a imprensa tem dado à questão do Meio Ambiente e discutem o papel dos veículos midiáticos na conscientização da problemática ambiental

Reportagem de Júnior Souza, Luana Barros e Rochelle Guimarães

O meio acadêmico tem debatido, há algumas décadas, a temática ambiental. O assunto, no entanto, só começou a ganhar destaque na sociedade e na mídia a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). Realizado no Rio de Janeiro em 1992, o evento ficou popularmente conhecido como Rio-92. A reunião tinha como objetivo introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável: um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. 
 
Segundo a jornalista Maristela Crispim, o Meio Ambiente só começou a ter destaque na mídia anos depois da CNUMAD, com a RIO+10, ocorrida em 2002 na cidade de Johanesburgo, na África do Sul. Isso se deu, segundo ela, devido às previsões e constatações sobre o aquecimento global. “Embora essa questão já viesse sendo discutida há algum tempo, elas tiveram um salto muito grande”, afirma.

Este é um assunto recorrente e a comunicação tem sua parcela de influência. Edgard Patrício, professor doutor do curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que o jornalismo tem papel fundamental nos dois pontos. “O jornalismo pode ser um instrumento para mobilizar as pessoas, primeiro para discutir essa temática e depois ver que elementos estão envolvidos”, afirma.

Para Edgard, se exagerado, o destaque pode levar ao sensacionalismo, uma prática condenável. “Se você tem como principio do jornalismo a questão da função social, então como é que, a partir do sensacionalismo, você vai atingir essa função social?”, enfatiza. Na cobertura de pautas sobre o Meio Ambiente, de acordo com ele, o sensacionalismo se dá muitas vezes pelo enfoque nas consequências, sem explicar o que gerou determinado desastre.

A conscientização e a inclusão da sociedade nesse tema é, também, responsabilidade do Estado que, para Edgard, deveria começar dando exemplo. “Se você observar os projetos que impactam o meio ambiente, desenvolvidos aqui, você vai ver que grande parte deles estão relacionados a projetos do Estado”, explica. 

Ricardo Moura, assessor de imprensa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Ceará, diz que a empresas devem ter uma constante preocupação com o Meio Ambiente. “Todos os projetos têm de prever se são sustentável e quais são os impactos ambientais dele”, afirma.

Um dos projetos da Embrapa é a revista Agroindústria Tropical, uma publicação trimestral que traz conteúdos relacionados à área de atuação da empresa. “Em cada edição, tratamos de um assunto da área de atuação da Embrapa e trabalhamos isso por meio de uma matéria mais densa”, conta ele.

Para Edgard, a comunicação deve exercer um papel essencial na conscientização da sociedade enquanto o Meio Ambiente ainda for tema de debate. “Já é um grande caminho para tentar incorporar o jornalismo como elemento pra essa discussão da diversidade ambiental”, resume.

Praias de Fortaleza: Próprias para banho?

Em Fortaleza, uma das principais atividades do fim de semana é aproveitar a praia com os familiares e amigos. A repórter Lívia Priscilla resolveu visitar a Praia do Futuro e a Beira Mar para conferir como anda a orla da cidade.



Na Praia do Futuro, o que logo chama a atenção é a estrutura de algumas barracas, que possuem decoração temática e oferecem serviços como massagem, piscinas e apresentações musicais. Ao me aproximar da faixa litorânea, vi que a praia estava cheia de gente em toda a sua extensão. Havia crianças brincando na areia e pessoas se bronzeando ou tomando banho no mar. Alguns até levaram o animal de estimação para aproveitar a praia também.

Na Beira Mar, constatei que o maior atrativo é o famoso Calçadão, margeado por barracas mais rústicas em frente a um mar mais calmo que o da Praia do Futuro. Apesar de toda a beleza local, a presença de esgotos despejados no início da faixa de areia compromete a qualidade da água e é um risco para os banhistas, que aproveitam seu momento de lazer em meio a pontos de sujeira.

Parece que a maioria dos banhistas dispensa a preocupação com a balneabilidade das praias, ou seja, ignoram saber se são próprias para o banho. Não há sinalização nas praias indicando os pontos próprios e impróprios para banho. Para os mais desatentos, pode ser considerado que toda a extensão da praia fortalezense é própria para banho, fato que não é verdadeiro, de acordo com a Semace.

O que a Semace informa?
A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) divulga, semanalmente, em seu endereço eletrônico, um boletim informando os pontos próprios e impróprios para banho das praias cearenses. Este boletim é integrante do Programa de Monitoramento da Semace e as referências que determinam a balneabilidade das praias estão baseadas nas Resoluções Nº 274/ 2000 e Nº 357/2005 do CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Em Fortaleza, as coletas são realizadas em 31 pontos, distribuídos em três setores: Setor Leste, que compreende a Praia de Caça e Pesca até o Farol do Mucuripe; Setor Centro, do Iate a Indústria Naval do Ceará; e Setor Oeste, do Marina’s Park Hotel a Barra do Ceará. No último boletim, divulgado no dia 30 de setembro de 2011, foram apontados 21 pontos próprios para banho.


A SEMACE aconselha que se evite tomar banho após a ocorrência de chuvas de maior intensidade. É recomendado também que se evite nadar ou praticar esportes náuticos em locais com manchas de coloração vermelha, marrom ou azul-esverdeada. Cabe ao banhista ficar atento à quais áreas são propícias ao banho a fim de poder aproveitar a praia sem maiores riscos à saúde.


Lívia Priscilla

Conheça os debatedores da mesa de meio ambiente e comunicação

Maristela Crispim

No III Ciclo do Palavras de Liberdade, cujo tema é Meio Ambiente e Comunicação, a convidada para representar o perfil de mídia será Maristela Crispim.
Maristela é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará e mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente, também pela UFC. Atualmente, ela é editora de reportagem, no jornal Diário do Nordeste, da sessão Gestão Ambiental, que “trata de questões de sustentabilidade e de atitudes do setor produtivo em relação às questões ambientais”.
O Gestão Ambiental tem como principal tema o desenvolvimento sustentável, que pode ser definido pelo tripé economia, meio ambiente e sociedade. A sessão foi idealizada pelo professor Albert Gradwol, que também sugeriu o nome de Maristela para assumi-la.
O interesse da jornalista pelo meio ambiente veio logo na faculdade, onde começou a escrever artigos sobre o tema, ingressou no Partido Verde e virou militante do movimento ecológico. “Mesmo depois de eu ter deixado de militar no movimento ecológico, eu continuei escrevendo, por afinidade, sobre o meio ambiente e acabei me especializando na área”.
Atualmente a questão da sustentabilidade ganha cada vez mais evidência nas discussões diárias: “ao mesmo tempo em que eu venho alimentando o mercado de informações através dessa página, o mercado também vem reagindo e me dando pautas nessa área”, afirma Maristela.
Miguel Macedo

O convidado para representar o perfil Academia no III Ciclo do Palavras de Liberdade é Miguel Macedo.

Miguel é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especializado em Turismo e Meio Ambiente e mestre em Gestão de Negócios Turísticos. Já trabalhou nos maiores jornais do Estado e, além de ser professor da Faculdade 7 de Setembro, é coordenador de Comunicação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção.

Através da fundação alemã "Konrad Adenauer", que defende, entre outras coisas, o desenvolvimento sustentável e a economia solidária, o jornalista desenvolveu durante alguns anos o projeto "Laboratório Ambiental para a Imprensa e Estudantes", no qual realizou eventos com estudantes de jornalismo das regiões Norte e Nordeste do Brasil. "Como eu já tinha feito a especialização em Turismo e Meio Ambiente e meu mestrado em Gestão de Negócios Turísticos, poderia fazer o link com a questão ambiental, até porque, nos cursos de comunicação que são oferecidos nas nossas faculdades, não há uma disciplina voltada especificamente para uma categoria de jornalismo, que é a categoria de jornalismo ambiental", conta Miguel.

O jornalista pretendelevar essa discussão ao debate da próxima quinta-feira, pois acredita que, enquanto estudantes,“não podemos estar afastados da realidade da sociedade”. A ideia é, além de “apresentar um pouco o que fizemos em relação ao meio ambiente: as diferentes possibilidades que nós tivemos, a realização dos laboratórios ambientais para a imprensa”, discutir a importância de o jornalismo ambiental ser abordado nos cursos de Comunicação Social.

Monyse Ravena

A Sociedade Civil será representada por Monyse Ravena, assessora de comunicação da Cáritas – regional Ceará.

Formada pela Universidade Federal do Ceará em 2010, Monyse hoje é estudante do Mestrado em História Social, também na UFC, espaço onde teve início seu contato com os movimentos sociais. “Tenho uma aproximação muito forte com o MST, a gente fez várias coisas juntos, com alguns movimentos urbanos, muito a partir do contexto da universidade”, conta ela.

Atualmente, Monyse é assessora de comunicação da Cáritas, que ela define como “uma entidade com fins sociais, que é ligada à igreja católica e às pastorais sociais da igreja católica”. A assessora explica que, em seu surgimento, a Cáritas desenvolvia um trabalho de caráter assistencialista, mas com o tempo “ela começa a se transformar numa entidade mais envolvida na luta por direitos e passa a estar muito próxima às comunidades atingidas que têm seus direitos negados”.

Na campanha da fraternidade deste ano, a regional Ceará da Cáritas começou a discutir o meio ambiente a partir da perspectiva da convivência com o semi-árido e da defesa dos catadores de lixo reciclável.

Monyse caracteriza como principal desafio para a discussão sobre comunicação e meio ambiente “a forma como a comunicação constrói essa imagem do meio ambiente, do que deve ser a proteção ao meio ambiente, sempre tentando colocar uma espécie de culpa nos pequenos”, declara.

Consciência seletiva

Por que reciclar é tão difícil?
Por Roberta Souza


Panfletos no trânsito, latinhas de refrigerante na cantina, pacote de biscoito e embalagens de guloseimas são alguns exemplos do que a população está cotidianamente utilizando e direcionando para as ruas da cidade. Seria essa uma postura instintiva ou haveria solução para esse problema? E a Coleta Seletiva, não ajudaria? A questão é: Quem não está cumprindo seu dever?

Consumir, consumir e consumir

“A pessoa se identifica como cidadã a partir do momento em que ela se vê capaz de comprar e descartar. As referências de quem sou eu estão diretamente relacionadas às referências desse momento hegemônico de participação no mundo capitalista”, afirma a psicóloga ambiental Vanessa Louise Batista. Ela explica ainda que, inserida nesse contexto, a população é capaz de assumir posturas contraditórias, dividida entre o desejo e a consciência de preservação.
Segundo Vanessa, os meios de comunicação acabam atuando como instrumentos dessa lógica de consumo, sem quase nunca refletir ou criticar esse processo, o que pode ser observado nos anúncios publicitários que incitam o poder da compra para quem a exerce. “Ter uma autocrítica para manter uma direção da construção de uma identidade mais livre e criar alternativas para a construção de um mundo menos totalitário dominado por essa forma de consumo, seriam algumas soluções”, completa a psicóloga.

O que fazer com os resíduos?

Fortaleza é a terceira capital brasileira que mais produz resíduos sólidos, com 1,3 quilo diário por habitante. A cidade ficou atrás apenas de Brasília (2,4kg/habitante/dia) e de Manaus (1,5kg/habitante/dia) entre as capitais destacadas pelo Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, divulgado pelo Ministério das Cidades, com dados referentes ao ano de 2009.
Visando atenuar esses dados, a capital cearense conta com iniciativas como a do Projeto Vida, dirigido pelo LOCUS (Laboratório de Pesquisa em Psicologia Ambiental) da Universidade Federal do Ceará. Em 2009, a partir de observações feitas pelo grupo, da necessidade de preservarem-se as áreas verdes do Campus do Benfica como espaço social simbólico, iniciou-se uma campanha de coleta seletiva. Em parceria com o Instituto de Formação Empreendedora e Educação Permanente (IFEE) e o PROGERE (Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos), outro programa de extensão da UFC, o Projeto Vida garantiu a implantação das lixeiras nos Centros de Humanidades 1,2 e 3.

Lei é lei?

A iniciativa dos professores e estudantes da instituição federal está em concordância com a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos - que trata da destinação adequada dos resíduos no país, sancionada pelo ex-presidente Lula. De acordo com ela, as repartições federais têm por obrigação realizar a coleta seletiva, estendendo essa ação para a população em geral.
A coordenadora do LOCUS e do Projeto Vida do curso de Psicologia, Dra. Zulmira Bonfim, revela alguns problemas na aplicabilidade da coleta no Campus da UFC. “Como todo processo de conscientização, é difícil acontecer de uma hora pra outra. Hoje as lixeiras estão aí, e a função que era de separar não está acontecendo.” Segundo ela, o destino do lixo para as organizações de catadores da cidade só teria sido viabilizada pelas instâncias da Universidade durante os seis meses finais de 2009, estando até hoje comprometida. “Nossa ideia é retomar o projeto. Fazer outra vez a sensibilização dos alunos, e depois ver também como a Universidade continua dirigindo esse processo”.
Assim, enfatiza a necessidade da cooperação coletiva, afirmando que “a consciência do cidadão, a motivação, a relação desse cidadão com o lugar, a gestão pública, as oportunidades que são criadas, tudo isso junto vai proporcionar uma ação concreta de mudança de comportamento responsável”.

Quanto vale o verde?

O que é, afinal, o Marketing Verde: artifício para o aumento de vendas ou forma de conscientização socioambiental?

Foto retirada daqui.

Por Jully Lourenço, Saulo Luckas e William Santos

 A marca é a representação simbólica de uma identidade, ela informa a procedência e o destino de uma mercadoria. “Sem marca, o produto é apenas uma ‘coisa’, um simples objeto sem valor nem identificação”, explica Silvia Belmino, professora do curso de Publicidade e Propaganda da UFC.

As empresas se preocupam muito em atribuir às suas marcas valores que garantam a credibilidade e a fidelidade do consumidor. Nas últimas quatro décadas, essa preocupação tem girado em torno, principalmente, da responsabilidade ambiental. Para isso, as empresas associam suas campanhas a um “Marketing Verde”, o qual tem a finalidade de gerar no produto uma identidade de ‘ecologicamente correto’ ou ‘sustentável’. “O Marketing Verde teve início nos anos 70, nos EUA, quando a população começa a sentir os efeitos da destruição do meio ambiente e resolve dar um basta à poluição e ao desperdício, pressionando as empresas a produzirem com maior responsabilidade. Até então, o mercado se preocupava apenas com o cliente. Depois é que passa a se preocupar, também, com os métodos de obtenção dos seus produtos, seguindo as exigências de um consumismo verde”, informa Silvia.

Atualmente, esse conceito é muito mais amplo e sólido. Criou-se até uma norma internacional de qualidade para tratar especificamente da gestão ambiental nas empresas, a ISO 14000. “Possuir o selo de qualidade absoluta (ISO 9000), não é mais um diferencial no mercado, pois ter qualidade é a preocupação de todas as empresas. Nos dias de hoje, a responsabilidade ambiental é uma grande vantagem competitiva. ‘Se eu sou ecologicamente correto, eu sou o melhor’”, enfatiza a professora.

O outro lado da moeda: qual a visão dos consumidores?

Entre os consumidores, a imagem de uma empresa “amiga do Meio Ambiente” conta muito na hora de escolher onde e o que comprar. “Eu acho que as empresas realmente podem estar engajadas com isso”, supõe Isabele Câmara, 20, consumidora e estudante de Jornalismo da UFC. “Quando você coloca esse selo, faz essa propaganda, eu acho que também tem muito marketing”, analisa.

Isabele acredita no compromisso socioambiental das empresas
Para Isabele, a “maior preocupação é em relação às sacolas plásticas”, quando se fala em raciocínio de mercado quanto à temática ambiental. Ela diz já ter guardado consigo algumas sacolas ou mesmo fazer uso de ecobags, que são sacolas ecológicas personalizadas.

A consumidora fala que não está sempre atenta aos detalhes persuasivos de produtos estritamente ligados à ideia de responsabilidade socioambiental. No entanto, “se tiver visível, eu opto por uma coisa que está favorecendo o meio ambiente”, ressalta. A expansão do Marketing Verde interfere, mesmo que indiretamente, na mentalidade de quem consome. “A gente é induzido a comprar coisas que nós julgamos estar ajudando o meio ambiente, considerando fazer a nossa parte”, finaliza a estudante.

Danielle Melo, 21, também consumidora e estudante de Jornalismo da UFC, já considera que o Marketing Verde tem função puramente mercadológica. “Elas (as empresas) só estão seguindo uma lógica de mercado”, defende. A estudante acredita que a maioria dos problemas ambientais são consequências de um consumo desenfreado, impulsionado por uma sociedade capitalista. E, ainda, destaca que essas empresas só se dispõem de uma imagem ambiental para ecoar o discurso delas, a fim de promover marketing positivo em favor próprio.
Já Danielle, vê a marca verde apenas como estratégia de mercado

Para Danielle, não há responsabilidade ambiental nem social nessas empresas. Ela pontua que esse tipo de negócio “está sustentando a mesma lógica de consumo de produção, que vai continuar sendo sustentada e, senão, omitida por este marketing super barato”.

“Enquanto consumidora, eu estou tentando adquirir, aos poucos, uma consciência ambiental”, revela. “A gente tem que modificar o nosso jeito de consumir, e as empresas têm que modificar o jeito de produzir. Essa questão de só se vestir de verde é uma coisa paliativa que nada vai solucionar”, complementa.


Publicidade & Propaganda, sim!

E qual é a visão dos futuros publicitários? Como eles veem o marketing feito por muitas empresas através do termo “sustentabilidade ambiental”? Pedro Brandão, 21, é estudante do curso de Publicidade da UFC. Ele considera que o Marketing Verde dá, sim, sua contribuição para a sociedade. “Quando uma empresa refloresta ao mesmo tempo em que faz seus produtos, recicla papel, faz campanhas de conscientização sobre racionamento e reciclagem, tudo isso gera um bem social considerável”, diz. E completa dizendo que “quanto maior a empresa e melhor a estratégia de abordagem das campanhas para que a população se dê conta de quanto faz bem à natureza mudar pequenos hábitos diários e tudo, melhor para o mundo e para a natureza”.

O estudante considera que, em seu sentido mais amplo, o Marketing Verde é muito além que só Publicidade, é também Propaganda. “Tomando por base a ideia de que Publicidade visa o lucro e que Propaganda visa pessoas aderindo a uma causa, acho que o marketing como um todo visa a junção desses dois pontos”, afirma.

“Nenhuma empresa com um setor de marketing atuante quer que alguém compre seus produtos e simplesmente esqueçam de onde aquilo veio. Portanto, junto a um produto que se vende como ‘verde’, há uma carga de significados em torno daquilo. Um sabonete feito exclusivamente com produtos naturais não é apenas um sabonete, é uma garantia de saúde, de consciência limpa, de pensamento coletivo e social, e assim por diante”, conclui Pedro.

Quando se fala em Marketing Verde, a discussão é essa: simples artifício usado pelas empresas para criar uma boa imagem frente aos consumidores e aumentar suas vendas, ou ações que realmente têm responsabilidade socioambiental, que buscam criar na população uma consciência de preservação? A professora Silvia Belmino explica que “a generalização é problemática, mas devemos considerar que o Marketing Verde é uma onda de mercado na qual todos querem surfar”. E mais: “Não podemos ver o marketing como uma grande mentira. Ele molda o método de produção, leva as empresas a assumirem uma postura diferente e ainda conscientiza o consumidor”, pontua.
 


[SAIBA +]


O Marketing Verde na prática
Confira alguns exemplos que a equipe do Palavras de Liberdade separou para você e saiba mais sobre o assunto.





Faber Castell

Segundo o texto, os materiais utilizados pela empresa não afetariam o meio ambiente, deixando-o assim livre para que as espécies nativas de fauna e flora não sofressem com o impacto ambiental que poderia ser causado pela empresa.

Outra informação que ela passa é de que os produtos feitos por esta empresa são feitos de matéria - prima que não desmata áreas nativas que estejam em áreas de preservação, pois são oriundas de áreas de reflorestamento, onde o impacto na natureza é minimizado por não agredir áreas naturais, mas sim, utilizar madeira reflorestada, neste caso eucalipto.

Apesar do uso do eucalipto como fonte de matéria-prima, ainda como monocultura, esse se torna mais viável, pois não se utiliza a mata nativa, logo, a intenção neste caso é tentar minimizar o impacto ambiental e não dizer que ele não acontece, pois o mau manejo do eucalipto pode ser tão prejudicial, quanto devastar uma floresta nativa para a produção de lápis ou papel.






Natura Ekos
O objetivo principal é vender a idéia de que tudo é parte de um importante processo natural, de integração entre natureza e o homem, mas a propaganda não fala de quem poderá comprar este produto. Sabemos que muitas vezes produtos de origem “sustentável” ainda são produtos economicamente inacessíveis à maioria da população, uma vez que há a agregação de valores ao preço final de um produto, e muitas vezes, este preço é muito grande se levarmos em consideração o ganho de que uma pessoa que sobrevive da coleta de sementes possa pagar para consumi-lo. Desta forma, apesar de levar renda para esta população outras questões são deixadas de lado e não são discutidas.


As análises foram retiradas desse artigo, da pesquisadora Carina Certti. Vale a pena conferir!